— Ouça, mas eu não sei nada sobre esse assunto.
E a pessoa que me convidou disse:
— Não faz mal, venha na mesma.
—Pedro Mexia, PBX, 2 de Novembro de 2023
— Ouça, mas eu não sei nada sobre esse assunto.
E a pessoa que me convidou disse:
— Não faz mal, venha na mesma.
—Pedro Mexia, PBX, 2 de Novembro de 2023
“Eu gosto de ir ao cinema para descansar a cabeça.” Eu adoro esta expressão “descansar a cabeça”… Ora bem… uma boa parte dos filmes… qualquer cinéfilo, no sentido antigo da palavra, se pensar nisso, boa parte dos filmes da sua vida não descansam particularmente a cabeça… pelo contrário… alguns deles escangalham a cabeça.
—Pedro Mexia, PBX, 2 de Novembro de 2023
As relações actuais podem ser descritas como banksying, benching, breadcrumbing, catch and release, catfishing, cloaking, cricketing, cuffing, curving, cushioning, fishing, firedooring, flexting, gaslighting, ghosting, ghostbusting, gatsbying, haunting, hoovering, kittenfishing, love bombing, negging, orbiting, phubbing, pocketing, roaching, submarining, tindstagraming, throning, zumping e zombieing.
Algumas sempre existiram, outras são fenómenos recentes, como o zumping, que surgiu com o vírus. Mesmo evitando conhecimentos via “redes sociais” ao ponto de nunca ter tido, já levei pelo menos com o banksying, catfishing de certeza absoluta ou na melhor das hipóteses kittenfishing, firedooring, ghosting, orbiting… O pior de longe é o catfishing/kittenfishing, que é as pessoas não mostrarem aquilo que são, adaptarem as suas actividades às minhas, os gostos aos meus… Tudo falso. Acho que foi o Pedro Mexia que disse que nunca foi tão humilhado como quando julgava que já sabia tudo. É bem verdade. O orbiting tem duas facetas, conheci quem cultivasse satélites e gostasse, porque a miséria é integral e a idade não perdoa.
Há uma diferença essencial entre o fim do amor e o fim da amizade. Nas relações amorosas podemos sempre alegar que o suposto “amor” foi um equívoco. Mas é muito mais difícil sermos amigos de alguém durante anos e um dia concluirmos que aquilo nunca foi uma amizade.
No amor, o erro sobre o objecto é um alibi para o desgosto. Na amizade, o erro sobre o objecto é apenas desgostante.
—Pedro Mexia, Estado Civil, Tinta da China, 2009
Diz o Pedro Mexia que quem dá a navalhada, tem de conviver com a cicatriz na cara de quem esfaqueou. Onde ele erra é que a cicatriz raramente é só uma. Ou na cara, o que acaba por facilitar imenso a convivência.