Hoje em dia já ninguém lá vai, aquilo está cheio de gente

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O Anarquista

Publicado em 18/08/2024

Bob Black, um conhecido anarquista e autor do ensaio The Abolition of Work, é também o artífice de um episódio que em última análise arruinou a vida de Jim Hogshire, autor do livro Opium for the Masses que numa ocasião o acolheu em sua casa.
Hogshire conheceu Black no dia 10 de Fevereiro de 1996, quando Mike Hoy, dono da editora Loompanics, lhe pediu se o albergava enquanto estava em Seattle. Tudo indica que essa tarde correu muito mal com uma discussão sobre religião que degenerou em Heidi Hogswire a ser agarrada pela garganta e arrastada pela sala por Bob Black e em última análise Jim a ameaçar o seu desagradecido convidado com uma espingarda M1 carregada.
Dez dias depois, Black escreveu uma carta à polícia de Seattle como “cidadão denunciante”, para os informar da existência (notoriamente fictícia) de um “laboratório de narcóticos” no apartamento de Jim Hogshire e Heidi Faust Hogshire:

The Hogshire are addicted to opium , wich they consume as a tea and by smoking. In a few hours on February 10/11 I saw Jim Hogshire drink several quarts of the tea, and his wife smaller amounts. He also took Dezedrine and Rialin several times. They have a vacuum pump and other drug manufacture tech. Hogshire told me he was working out a way to manufacture heroin from Sudafed.
Hogshire is the author of the book Opium for the Masses which explains how to grow opium and how to produce it from the fresh plant or from seeds obtained from artist-supply stores. His own consumption is so huge that he most be growing it somewhere. I enclose a copy of parts of his book. He also publishes a magazine Pills a Go Go under an alias promoting the fraudulent acquisition and recreational consumption of controlled drugs.
Should you ever pay the Hogshires a visit, you should know that they keep an M1 rifle leaning against the wall near the computer.

Bob Black, que defende a tal abolição de trabalho para os outros, deve ter tido um trabalhão a tentar arruinar a vida dos Hogshires e conseguiu-o. A esmagadora maioria das alegações eram mentira, até as papoilas eram compradas legalmente a floristas, se legalmente o caso acabou bem (New York Times), a vida de Jim Hogshire nunca mais foi a mesma.

A carta foi transcrita do livro This Is Your Mind on Plants de Michael Pollan.
No site The Anarquist Library há uma versão dos acontecimentos tal como descrita por Bob Black, que sem surpresa é algo diferente da versão dos Hogshire.
Uma das consequências deste caso foi a DEA ter tentado tirar as papoilas dos jardins americanos (Los Angeles Times), mas não deu em praticamente nada, embora tenham removido as papoilas de Monticello (Mental Floss), o jardim que pertenceu a Thomas Jefferson.

TV em Abril

Publicado em 30/04/2023

Drive to Survive (quinta temporada, 2023)


Continua a dar para ver ao jantar a acompanhar o interesse do filho.
☆ ☆ ☆ ½

Autodefesa (primeira temporada, 2023)


A única coisa boa é cada episódio ser de cerca de 15 minutos, de resto para ver umas pseudo-feministas peludas debaixo dos braços, degredo e miséria humana em Barcelona, mais vale não ver nada. Nem se percebe como a aposta do Filmin na produção é nisto e aposto que é com dinheiro dos contribuintes europeus que continuam a pagar toda a casta de arte muito edificante. Criado por Belén Barenys, Miguel Ángel Blanca e Berta Prieto.
☆ ½

The Capture (primeira temporada, 2019)


Criado por Ben Chanan.
☆ ☆ ☆ ☆

The Capture (segunda temporada, 2022)


Gostei, mas tinha potencial para gostar mais, parece-me que acaba vítima de um idealismo bacoco e muito pouco credível. Mas tem o mérito de chamar a atenção de algo que já existe, os deep fakes de imagem e voz, agora também criados por inteligência artificial (deep fakes já existem pelo menos desde o filme Terminator 2, que terá sido o primeiro com planos totalmente gerados por computador, incluindo os actores), talvez falte apenas o “em tempo real”. Criado por Ben Chanan.
☆ ☆ ☆ ☆

How to Change Your Mind (2022)


Baseado no livro homónimo de Michael Pollan, que também participa no documentário. O caminho das drogas psicadélicas desde a descoberta acidental do LSD na Suíça por Albert Hofmann em 1938 (que também foi o primeiro a sintetizar psilocibina e psilocina — a parte mágica dos cogumelos mágicos), passando pelo utilização tradicional, o uso recreativo, a ilegalização e queda em desgraça, a dormência durante 30 anos, até ao recente ressurgimento da investigação mais uma vez na Suíça e os resultados positivos e surpreendentes. É também a jornada pessoal de Michael Pollan que se tornou um grande apologista da investigação e descriminalização deste tipo de substâncias. Vê-se bem, mas acaba-se por não saber onde se quer chegar… Legalizar drogas naturais, drogas que possam ter um papel na cura de doenças mentais ou que existam na tradição indígena, entende-se. Mas está longe de ser claro onde estão os limites e qual é a razão porque não haverá uma repetição dos anos ’60, dos exageros e do abuso destas substâncias, com resultados muito pouco edificantes.
☆ ☆ ☆ ½

Less

Publicado em 23/06/2022

I was reminded of an experiment that several of the addiction researchers I interviewed had told me about — the so-called rat park experiment. It’s well known in the field of drug abuse research that rats in a cage given access to drugs of various kinds will quickly addict themselves, pressing little levers for the drug on offer in preference to food, often to the point of death. Much less well known, however, is the fact that if the cage is “enriched” with opportunities for play, interaction with other rats, and exposure to nature, the same rats will utterly ignore the drugs and so never become addicted. The rat park experiments lend support to the idea that the propensity to addiction might have less to do with genes or chemistry than with one’s personal history and environment.

—Michael Pollan, How to Change Your Mind, Allen Lane, 2018

Needless

Publicado em 04/06/2022

Even in the case of minerals, modern physics (forget psychedelics) gives us reason to wonder if perhaps some form of consciousness might not figure in the construction of reality. Quantum mechanics holds that matter may not be as innocent of mind as the materialist would have us believe. For example, a subatomic particle can exist simultaneously in multiple locations, is pure possibility, until it is measured — that is, perceived by a mind. Only then and not a moment sooner does it drop into reality as we know it: acquire fixed coordinates in time and space. The implication here is that the matter might not exist as such in the absence of a perceiving subject. Needless to say, this raises some tricky questions for a materialistic understanding of consciousness. The ground underfoot may be much less solid than we think.

—Michael Pollan, How to Change Your Mind, Allen Lane, 2018