Não sei porque comprei este livro, acho que vi boas referências algures na internet e resolvi comprar em inglês e depois desisti. Mas um dia cruzei-me com ele em português, comprei e resolvi começar a ler porque parecia um daqueles fáceis e rápidos (é). Eu nem sei classificar muito bem este tipo de livros que raramente leio, será auto-ajuda? Também é bastante estranho eu ler livros de onde já sei praticamente tudo, mas às vezes gosto, porque o meu conhecimento aparece sistematizado, bem organizado e por vezes muito bem escrito. Este será médio nesse contexto, mas numa palavra James Clear expõe bem o caso, gostei.
A base é que cultivando pequenos (daí o atómicos) bons hábitos, podemos melhorar bastante a nossa vida, ser mais produtivos, andar mais satisfeitos e, aqui é que acabei por ficar um pouco surpreendido, mudar quem somos. Mas é óbvio e já o fazemos inconscientemente desde que nascemos, não é um pequeno hábito, são centenas ou milhares ao longo da vida. Os maus hábitos que praticamente se cultivam a si próprios, fazem exactamente o mesmo.
A diferença que faz um pequeno hábito é muito fácil de explicar através deste próprio blogue. Se eu durante dez anos publicar apenas uma coisa por semana, fico com mais de 520 posts feitos. Podemos extrapolar isso para qualquer actividade, boa ou má. A perda de tempo por exemplo, um mau hábito de navegar sem sentido na internet, tira-nos anos de vida. Um por semana é um objectivo muito modesto, eu aqui já publiquei quase 700 coisas a um ritmo de uma por dia ou mais. Dez anos deste regime totalizarão mais de 3.650 posts. Pode não valer nada, mas fui eu que fiz.
Claro que há hábitos que são bons ou maus em termos absolutos, mas outros dependem de quem os pratica e da pessoa que se quer ser. Comer pode ser um mau hábito para quem quer ser magro, mas um bom hábito para quem precisa de ganhar peso. Eu gosto de escrever neste blogue, para mim é um bom hábito, para outra pessoa será uma enorme perda de tempo.
Outro conceito interessante é que um parceiro fiscalizador pode mudar tudo, mas pela minha experiência, pode também não mudar nada, pelo menos nada de bom… sempre que me armei em fiscal (é uma palavra magnífica) de hábitos alheios arrependi-me amargamente. Agora a minha filosofia centra-se em que desde que não me chateiem ou interfiram com a minha vida e os meus próprios hábitos, cada um que faça o que quiser. Também gosto bastante que depois não se venham queixar, que não têm dinheiro, ou que não têm tempo, que a vida corre mal, ou do que seja, porque não me interessa realmente nada.
E por fim um elogio que pode ser uma crítica — o livro lê-se tão bem que durante as cinco noites que demorei, apaguei a luz ainda mais tarde do que habitual, quando o hábito atómico que andava a ensaiar era apagar a luz mais cedo, dormir sete horas e consequentemente levantar-me mais cedo. Falhei estrondosamente.
O site de James Clear também não é nada mau (e o design é do melhor que tenho visto para ser lido) e assinei a newsletter 3-2-1 “The most wisdom per word of any newsletter on the web.”, para ver se realmente são cinco minutos bem gastos por semana. Para o género, foi uma boa surpresa este autor.
Entretanto recebi a primeira newsletter e entre outras coisas:
Think about what you want today and you’ll spend your time.
Think about what you want in five years and you’ll invest your time.
É exactamente isto e ainda acrescento que a forma como passamos os nossos dias é a forma como passamos a nossa vida.