—(…) “Nos nossos dias é reacionário acreditar em Deus”, disse-lhes, “mas eu sou o diabo, de modo que acreditarão em mim.” “De acordo, de acordo”, responderam-me. “Quem não acredita no diabo? Mas não podemos admiti-lo. Seria susceptível de prejudicar a nossa reputação. No entanto, sob a forma de anedota, se quiser…” Mas eu considerei que seria uma anedota pouco engenhosa e não se publicou. E, olha, é uma coisa que ainda hoje me dói. Os meus melhores sentimentos, a gratidão, por exemplo, estão-me proibidos devido à minha posição social.
— Fiódor Dostoiévski, Os Irmãos Karamázov, Saída de Emergência 2018