Um dia encontramos a pessoa certa. Ficamos indiferentes, porque não a reconhecemos: passeamos com a pessoa certa pelas ruas dos subúrbios, ganhamos pouco a pouco o hábito de passear juntos todos os dias. De vez em quando, distraídos, perguntamo-nos se não estaremos talvez a passear com a pessoa certa: mas o mais provável é que não. Estamos demasiados tranquilos; a terra e o céu não mudaram; os minutos e as horas passam com sossego, sem rebates profundos no nosso coração. Já nos enganámos muitas vezes: julgámo-nos na presença da pessoa certa, e não era ela.
—Natalia Ginzburg, As Pequenas Virtudes, As Relações Humanas, Relógio D’Água 2021 (1972)