A nossa Europa de hoje, sendo a arena de uma tentativa absolutamente súbita de uma mistura radical de classes e, logo, de raças, é, por conseguinte, céptica em todos os planos — por vezes esse cepticismo móvel que salta impaciente e lascivamente de ramo para ramo, por vezes sombrio como uma nuvem sobrecarregada de pontos de interrogação — e, frequentemente, mortalmente doente de vontade. A paralisia da vontade: onde é que, hoje em dia, não se encontra este enjeitado? E, não raro, com que atavios! Quão sedutores parecem esses atavios! Esta doença desfruta das roupagens mais belas e espampanantes; e a maior parte do que hoje em dia se apresenta, por exemplo, como “objectividade”, “ser científico”, “l’art pour l’art“, “conhecimento puro, livre de vontade”, não passa de cepticismo disfarçado e paralisia da vontade: é este diagnóstico da doença europeia que eu confirmo.
—Jordan Peterson citando Nietzsche, Mapas do Sentido, Lua de Papel 2019 (1999)