Tive oportunidade de testar no meu sistema uma série de cabos de coluna — o que francamente, considero a única forma depois de uma eventual audição inicial algures — e já nem sei se os resultados são surpreendentes. O que continuo a observar é que várias vezes depois de ter atingido o limite do sistema e da sala, afinal, não atingi. Por ordem ascendente de preço:
- CrystalSpeak Piccolo Diamond
- Esprit Lumina
- Siltech Legend 880L
- Siltech Crown Prince
Além disso, muito importante, também testei uma inconspícua caixa de madeira, fabricada na Suécia pela Entreq e que é “terra de sinal”. A caixa precisa de pelo menos um cabo e opcionalmente há uns acessórios dos quais testei um:
- Entreq Olympus Infinity T
- Entreq Eartha Olympus Infinity (cabo)
- Entreq Peak 4
Como não sou nenhum profissional de áudio e não tenho paciência para ligar e desligar demasiadas vezes, e quero é ouvir música, tratei de ligar a caixa Entreq ao pré-phono SoulNote E2 e ao pré-amplificador T+A P3000 HV e assim ficou imenso tempo (aproveitei as férias da Ultimate Audio).
Dos CrystalSpeak Piccolo Diamond já tinha dado conta e mantenho as conclusões — mas acrescento algo que não disse. Há sons, aos quais vou chamar “efeitos”, que passaram a estar ostensivamente à frente das colunas, tornando o palco mesmo profundo. Um efeito super-estranho, que será uma questão de preferência para quem ouve.
E entretanto, a Entreq revelou-se uma desilusão — ou alegria porque menos gasto —, não notei qualquer diferença sonora e atrevo-me a dizer que a existir, terá sido para pior? Acho que sim. Mas sobre isto, é necessário ler mais abaixo.
O Esprit Lumina, encheu-me a sala do que não queria, de som demasiado grave e congestionado, sem grande vantagem ao nível do detalhe que procuro. Devolvi logo no dia seguinte.
O Siltech Legend 880L, já me tinham dito que seria um dos melhores cabos dessa gama e se calhar também na relação preço qualidade. Absolutamente confirmado. Um detalhe evidente nos primeiros acordes de qualquer disco, uma clareza surpreendente, algum do efeito dos Crystal, à frente das colunas, mas pouco pronunciado, um palco que cresceu em altura do intérprete. Muito bom.
Chegado ao Siltech Crown Prince, é tudo isso e a clareza passou a ser cristalina, completamente outro nível. O palco cresceu mais em altura, tenho finalmente intérpretes praticamente da altura de uma pessoa (ou pelo menos essa ilusão) num pé direito de apenas 2,45m. Super-cabo. Gostei mesmo muito, para não variar, do mais caro.
Mas as maiores surpresas estavam reservadas para o fim.
A caixa Entreq, pelo que percebo é constituída por uma mistura de metais e outros componentes “secretos” (à espera de patente) e o objectivo é “ligar à terra”, não a corrente do sistema, mas apenas a do sinal musical. A escolha do modelo faz-se pela massa do equipamento a ligar — no meu caso, não há nada leve aqui, o SoulNote E-2 pesa 20Kg, o T+A P 3000 HV pesa 28Kg. A caixa Entreq Olympus Infinity T tem dois terminais e suporta equipamentos até um total de 40-50Kg, o que está perfeito.
Por esta altura já estava a precisar de um gin…
Entretanto, na Ultimate Audio ia decorrer mais uma Ultimate Session com um equipamento superlativo e diz-me o Francisco que no fim, ligaram apenas um cabo e um equipamento (o pré-amplificador se me lembro) à Entreq, com mais, piorava. Pois, não foi preciso muito para eu entender que se calhar devia ter feito esse tipo de teste, mas julguei que mais seria… mais. Mas não, era menos, como diria o Dieter Rams (ao contrário).
A própria Entreq sobre o assunto:
Is there a threshold of too many grounding devices being introduced into the system?
Yes, you can put to many and too heavy boxes in your system. You can overground it.
Para conclusões finais, uma sessão em casa com o Francisco e os seus ouvidos. Os cabos, foi rápido, o Siltech Crown Prince é um patamar à parte.
Com a Entreq também foi rápido — ligando apenas ao SoulNote E-2 com o acessório Entreq Peak 4 no mesmo terminal a diferença nem sei explicar. É mais um véu que sai das colunas. Que clareza e precisão, é uma brutalidade. As revistas de áudio desdobram-se em adjectivos, mas só ouvindo. Há uma certeza indiscutível, o som é melhor para mim (e para o Francisco), muito melhor. Uma naturalidade que francamente não percebo, considerando o nível anterior que eu achava mesmo bom.
Aliás, anedoticamente, chega a este ponto… Ouvimos um disco do Prince, The Truth, acústico que saiu num Record Store Day e tem um som de cair para o lado. Na primeira música, antes de começar ele faz um ruído com a garganta. Até olhamos um para o outro a rir, a falta de subtileza na diferença sonora com a Entreq vai a esse ponto. Um ruído com a garganta e é evidente a completa mudança do carácter e a convincente naturalidade da música que se seguirá.
E por fim… devolvi todo o equipamento e empurrei decisões para 2023. Vamos ver. Mas entretanto, tenho ligado uma outra caixa Entreq, a Olympus Ten Tungsten com o mesmo cabo Entreq Eartha Olympus Infinity e acessório Entreq Peak 4. Está destinada teoricamente para equipamentos até 10Kg (relembro que o SoulNote tem o dobro). A conclusão é que mesmo assim, faz diferença e é para melhor. Isso é claro. Mas como voltei aos cabos de coluna Kimber Monocle XL, toca tudo bem, mas infelizmente, já não é a mesma coisa. Sei, com certeza absoluta, que pode tocar melhor.
Links de interesse
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