O que era simples tinha de ser velado; querendo ser mais do que seu amante, ele desempenhava esse papel com um toque de teatralidade afectuosa. O afecto era verdadeiro e ela tinha de proteger-se dele, de evadir-se num egoísmo falso, fingindo por ambos que deixara a pessoa real para trás antes até de ser apanhado o avião para Paris. Todo esse tempo, os olhos de um e de outro não deixavam de dizer: Estamos apenas a fazer de conta que estamos a fazer de conta. A verdade misturada com a mentira, não podia ser de outra maneira, ambos sabiam, sem saber em que pé estavam; (…)
—Susan Taubes, Divórcio, Cavalo de Ferro, 2022 (1969)